Casa das Artes Mário Elias
A exposição Mertolarte 2020 abriu as portas ao público no dia 7 de Março, para uma semana depois encerrar devido ao Covid.
A Câmara Municipal de Mértola, mais tarde propõe a todos os artistas o prolongamento da exposição MertolArte 2020, até final do mês de Julho por forma a que o público pudesse ter acesso às obras durante um período de tempo equivalente ao inicialmente previsto.
No âmbito deste concurso, que pretende apoiar a criação artística no domínio das artes plásticas, estavam dispostas por três espaços (Casa das Artes Mário Elias, Galeria do Castelo e Basílica Paleocristã) um conjunto de mais de 100 obras.
acrílico e técnica mista sobre tela© All rights reserved
MertolArte é um concurso e um prémio à criatividade artística, mas sendo isso,
é também muito mais do isso. Desde logo, é a afirmação quase provocatória da
dinâmica cultural possível num território de interior, por defeito imposto, quase
sempre periférico ao convencional circuito da produção artística.
Os mais de 100
trabalhos a concurso, denunciam uma laboração local contínua de resistência e
ativismo face a essa auto declinada geografia periférica.
O MértolArte é, por esta via, um agente promotor da notoriedade do território.
Artistas, agentes culturais e público em geral contribuem para elevar Mértola à
condição de lugar de contemporaneidade e de palco no acolhimento e exposição
da criação e enunciação artística.
O MértolArte é, ainda, uma ferramenta de literacia e capacitação da comunidade
local para linguagens que vão além dos atuais códigos dominantes da verbalidade
ou da racionalidade lógica. A multiplicidade de obras e expressões artísticas aqui
em presença, contribuem para uma visão multi do mundo, para o despertar da
sensibilidade para as linguagens sensoriais, emocionais e estéticas, bem como,
para o reforço do pensamento analítico, crítico e criativo.
O MértolArte é, também, um espaço-momento de mostra colectiva. Para
quem visita, esta é a oportunidade da inestimável lição da interrogação e da
contemplação gratuita do belo. A oportunidade do tempo liberto, do prazer
desinteressado e da observação (mais ou menos inquieta). Numa época marcada
pelo utilitarismo onde tudo tem um propósito e função, um preço, um ensejo
de eficiência, competitividade e produtividade, esta ligeira insubordinação
de contemplar, sentir e talvez questionar o que temos em presença pode ser
determinante, para não esquecermos a nossa condição de seres pensantes,
emotivos, imaginativos e com senso de moral.
Rosinda Pimenta
Sem comentários:
Enviar um comentário